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12/05/2024

ESTUDANTE DE MOSSORÓ É SELECIONADA PARA PROJETO DO FUNDO MALALA



Heloíse Almeida, de 19 anos, vai desenvolver um cursinho popular preparatório para o Enem.

Uma estudante mossoroense é uma das 15 meninas selecionadas em todo o mundo para o programa de bolsas do Fundo Malala, organização criada em 2013 pela ativista paquistanesa e vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai. Heloíse Almeida, de 19 anos, vai desenvolver um cursinho popular preparatório para o Enem.
O programa de bolsas selecionou jovens ativistas de 18 a 24 anos para a formação e apoio de lideranças pela igualdade de gênero na educação nos países em que há barreiras no acesso à educação de meninas, dentre eles o Brasil. 
“Essa seleção tinha várias etapas de informações, experiência, carta de intenção, entrevista para selecionar 15 meninas de todo o mundo e a minha atuação ativista nunca tinha sido na área de educação, por isso não criei muitas expectativas de ser aprovada”, conta Heloíse.
“Mas falei durante as seletivas das minhas experiências com mobilização de jovens e da minha vivência na educação, que foi marcada pelo ensino público, gratuito e de qualidade do IFRN, contemplando a formação para o mercado de trabalho com experiências artísticas, esportivas e de extensão e, por isso, queria trabalhar para garantir uma educação de qualidade como a que eu tive para todas as meninas”, continua.
O ativismo da mossoroense começou cedo, principalmente em movimentos ambientais. Em sua cidade, ela participa do braço local da Fridays for Future (FFF), organização ligada internacionalmente à Greta Thunberg. Em 2022, aos 17 anos, foi destaque em todo o país ao participar do projeto “Cada Voto Conta”, ajudando adolescentes a tirarem o título de eleitor no RN.
O programa do Fundo Malala começou em dezembro de 2023 e está previsto para durar até agosto deste ano. No caso de Heloíse, como seu projeto envolve apoio para o Enem, ela pediu autorização para executar a iniciativa até outubro. 
“Agora estamos encerrando a parte teórica, em que tivemos aulas toda semana e recebemos materiais para estudos sobre educação, violência de gênero, advocacy, incidência política internacional, mudanças climáticas, economia e diversos outros temas; nessa etapa foi muito interessante notar a influência de brasileiros como Paulo Freire e Augusto Boal no campo da educação e do ativismo, pois tivemos aulas ministradas por mulheres ativistas de outros países baseadas em livros deles”, diz Heloíse, atualmente estudante de Direito na Ufersa.
Ela também conta que a diversidade de origens e vivências de todas as meninas do programa contribuiu para enriquecer as aulas com as contribuições vindas de diferentes partes do mundo. Ao lado da também brasileira — e maranhense — Bia Diniz, Heloíse foi selecionada junto com participantes da Tanzânia, Etiópia, Índia, Bangladesh e Nigéria.
“Criamos um vínculo muito legal de apoio mútuo entre as meninas da turma e eu aprendi bastante sobre esses países. Geralmente as informações que recebemos sobre o Sul Global são estereotipadas e as histórias desses países são omitidas pela nossa educação tradicional eurocêntrica, então conhecer jovens líderes do Sul Global que estão mobilizando ações e transformando estruturas em seus países foi muito transformador para mim”, diz.
Agora, as participantes estão na fase prática do programa, em que cada uma deve implementar em sua comunidade um projeto de educação para meninas, de acordo com os princípios do Fundo Malala, para multiplicar os conhecimentos aprendidos e trazer oportunidades para mais meninas. São projetos diversos que envolvem capacitação para o mercado de trabalho, bibliotecas públicas, incentivo à cultura e mais.
Cursinho Popular Nísia Floresta
Para participar do programa de bolsas, Heloíse decidiu planejar um cursinho popular voltado à preparação para o Enem. A ideia, segundo ela, surgiu de um problema que notou na realidade dos adolescentes mossoroenses: a desesperança. 
“Os jovens já não acreditam no seu potencial para entrar na faculdade e boa parte dos estudantes da rede pública não está sequer fazendo a prova do Enem. A participação de estudantes da rede pública no Enem caiu pela metade em seis anos. Em 2016, 67% dos jovens do 3º ano se inscreveram e fizeram a prova; já em 2022, foram apenas 38% dos alunos que fizeram o ENEM, a prova mais importante para ingressar no Ensino Superior no Brasil”, diz. 
Em 2022, participando da campanha Cada Voto Conta, ao percorrer as escolas públicas de Mossoró para incentivar os adolescentes a tirar o título de eleitor, ela diz que percebeu essa desesperança com relação à possibilidade de entrar na faculdade. 
“Enquanto estudantes da rede particular tem foco total no Enem durante o ensino médio e ainda possuem recursos para estudar em cursinhos pré-vestibular, na rede pública a faculdade parece ser muito distante. Para as meninas, essa realidade ainda está atravessada por desafios que as afastam dos estudos, como o trabalho de cuidado e a necessidade de ajudar em casa, não só trabalhando fora para complementar a renda familiar, mas também trabalhando em serviços domésticos que reduzem o tempo disponível para estudar”, afirma.
Seu projeto, inspirado na educadora feminista histórica do Rio Grande do Norte, vai atender 30 meninas mossoroenses da rede pública de ensino. A iniciativa vai oferecer aulas gratuitas preparatórias para o exame, materiais escolares, suporte para transporte e alimentação nos dois dias de prova do Enem, debates sobre questões sociais e possíveis temas da redação do Enem com mulheres convidadas. Em breve, as inscrições serão abertas. Mais informações podem ser buscadas por meio da página no Instagram @cpnisiafloresta
“Minha expectativa ao final do programa é seguir mobilizando pela pauta da educação e igualdade de gênero que eu conhecia pouco antes dessas formações e agora estou apaixonada pela causa. Quero que o Cursinho Popular Nísia Floresta seja um sucesso e que, a partir dessa experiência inicial, eu possa pensar em outras oportunidades para as meninas mossoroenses e, quem sabe, dar continuidade ao Cursinho Popular para receber outras turmas nos próximos anos. Estou estudando essa hipótese porque estou encantada pelo projeto já no papel e imagino que na prática será ainda mais emocionante acompanhar as aulas e as estudantes contempladas, mas o apoio para implementação do projeto encerra ao final do Programa de Bolsas, então preciso buscar outras formas de arrecadação de recursos para continuar o Cursinho a longo prazo”, comenta.

Valcidney Soares/Saiba Mais

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