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16/06/2020

'UMA VIDA FELIZ' DIZ NETA DE IDOSO DE 106 ANOS MORTO POR COMPLICAÇÕES DA COVID-19 EM MOSSORÓ-RN




Odilon Teodósio da Silva passou nove dias internado com danos pulmonares provocados pelo novo coronavírus.
Odilon Teodósio ao lado de parte dos filhos no aniversário de 103 anos — Foto: Arquivo da família
Nascido em fevereiro 1914, Odilon Teodósio da Silva foi contemporâneo de vários acontecimentos históricos mundiais, como as duas grandes guerras, a chegada do homem à Lua, o surto da gripe espanhola. Foi barbeiro, sapateiro, vendedor e foi poeta. Aos 106 anos, ele morreu por complicações provocadas pela Covid-19 em Mossoró, Oeste potiguar. Mas, durante a caminhada, a característica que se sobressaiu entre os que o rodearam foi a alegria de viver. “Foi uma vida feliz”, resume uma das netas, a jornalista Ailma Nara da Silva Andrade Sousa.
Os sintomas da doença começaram a aparecer ainda em maio, no dia 19. Ailma Sousa conta que, inicialmente, o avô foi atendido em casa, para evitar a ida ao hospital. “Ele foi atendido em casa e, inicialmente, foi descartada a possibilidade de Covid-19”, relata.
Foi adotado um tratamento recomendado pelos médicos, mas os sintomas não foram embora. No dia 1º de junho, em uma consulta em um pneumologista, foi confirmado que Odilon havia sido infectado pelo novo coronavírus.
No dia 3 deste mês, em nova ida ao médico, ele foi informado de que o ciclo do vírus tinha se encerrado. No entanto, a doença deixou sequelas no pulmão e a família foi aconselhada a internar o idoso.
Ailma Sousa diz que o avô foi levado ao hospital no mesmo dia, onde deu entrada na Unidade de Terapia Intensiva. “Ele era a alegria da UTI. Antes de ser entubado, cantava e fazia poesia para as enfermeira. Ele sempre foi assim”, lembra a neta.
Durante o período em que ficou internado, uma das filhas, de 60 anos, também contraiu a Covid-19. Ela foi colocada no leito ao lado do pai, também na UTI. Apesar de mais velho e com mais possibilidade de agravamento do quadro, Odilon seguia otimista.
Odilon Teodósio gostava de literatura de cordel e escrevia poesias — Foto: Arquivo da família
“Em um dos últimos diálogos com minha tia Edna ele disse o seguinte: ‘Minha filha, seja forte e corajosa! O Senhor está com você! Se Ele nos tirar daqui, vai ser uma alegria. Mas se a gente morrer aqui, nosso coração está em paz. Estaremos eternamente com Ele! Fique em paz, minha filha!’. Mesmo diante desse problema não desanimou”, conta Ailma.
Na sexta-feira (12), foi confirmada a morte de Odilon Teodósio da Silva. A filha Edna recebeu alta e está curada da Covid-19.
Barbeiro mais velho de Mossoró
De acordo com os familiares, Odilon Teodósio era o barbeiro vivo mais velho de Mossoró. Os parentes afirmam que, inclusive, ele chegou a cortar os cabelos do presidente Café Filho, durante uma passagem do único potiguar que ocupou o posto maior do país pela cidade do Oeste.
Natural de Almino Afonso, Odilon foi para Mossoró com a esposa, Amália, e um casal de filhos no dia 16 de maio de 1942. Do sertão também viajaram junto os sogros e a cunhada Albanisa, com quem o barbeiro casou depois que a primeira companheira morreu.
Com a primeira esposa teve nove filhos. Com a segunda, teve 13. Na adolescência, foi agricultor e vendeu livros. Autodidata, também virou professor no sertão. Em Mossoró, vendeu frutas, fabricou fubá, foi sapateiro e, por último, barbeiro. Aos 106 anos, Odilon Teodósio também era presbítero da igreja presbiteriana de Mossoró.
“Muitos se admiram com a longevidade de vovô, por ele ter vivenciado, mesmo que de longe, duas grandes guerras mundiais, a gripe espanhola, a ditadura militar, e muitos outros fatos da história mundial. Mas, para nossa família, o maior motivo de admiração era a sua genialidade e criatividade, sabedoria, esforço para superar os momentos difíceis. Ele era um exemplo de retidão, integridade, honestidade, moral, amor e fé”, relembra Ailma Sousa.
Segundo ela, o avô gostava de literatura de cordel, escrevia poesias e praticava exercícios para manter a mente ativa. “Mais recentemente ele estava escrevendo os nomes de todos da família de trás pra frente, para exercitar a cabeça. Gostava de palavras cruzadas, queria aprender inglês”, revela a neta.
Para os 13 filhos vivos dentre os 22 que teve, os 59 netos, 88 bisnetos e 30 tataranetos, a lembrança que fica de Odilon Teodósio é a mesma: um senhor inventivo e criativo que, apesar das dificuldades impostas pela avançada idade, não desistiu da vida.
Aos 106 anos, Odilon Teodósio também era presbítero da igreja presbiteriana de Mossoró. — Foto: Arquivo da família
G1-RN


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